terça-feira, 5 de maio de 2009
Você conseguiria imaginar quando você viu a primeira vez o script de Crepúsculo que faturaria setenta milhões de dólares no primeiro final de semana – a mais alta renda feita por uma diretora na história? Você imaginava que isso fosse ser um fenômeno?
Na primeira vez tinham sido lançados apenas os dois primeiros livros da série – tinha essa base de fãs apaixonados, bem menor do que temos agora. Stephenie Meyer (autora dos livros) é uma louca e rápida autora, que lançou mais dois livros nos últimos dois anos. Os livros deixaram as pessoas animadas com o filme, o filme deixou as pessoas animadas com os livros, e isso foi crescendo e crescendo, até esse frenesi. Então eu acho que isso foi uma convergência mágica.
É impressionante como não somente as crianças mas também os adultos aderiram a isso. É realmente um corte através da demografia.
Quando Stephenie escreveu o primeiro livro, ela não esperava que ele fosse colocado na sessão de “Jovens Adultos”. Alguém decidiu que era aonde tinha que ser colocado. Ela e eu brincamos que sim, você conseguiu Romeo e Julieta, os dois jovens apaixonados, mas isso não significa que todos irão gostar da peça. Começou com os adolescentes, mas ai se espalhou – você sabe, temos as mães Twilight e as avós Twilight. Conhecemos muitas pessoas mais velhas do que adolescentes que amaram o livro e confessaram ter visto o filme por três, quatro vezes. E conhecemos garotos que também viram. Alguns deles o fizeram escondido, não queriam contar aos amigos.
Como assim?
Eles não sabiam muito sobre o livro. Eles amaram o trailer – é sobre vampiro – e estavam prontos para verem o filme. Mas ele começaram a pensar, “Oh, é baseado no livro que as menininhas gostam tanto”. Então ficaram um pouco sem graça: “Espere, eu tenho que gostar disso?”
As garotas não precisaram ser convencidas.
Nós andamos por shoppings uma semana antes do filme ser lançado. Quando fomos em Dallas, tinham milhares de garotas gritando como era na época da Beatlemania e dizendo “Eu quero ter o seu bebê” para o Rob (Pattinson, o ator principal) e tudo mais.
Ele era reconhecido previamente pelos filmes de Harry Potter?
Ele fez dois – No primeiro (Harry Potter e o Cálice de Fogo), seu personagem morre. Ele não ficou tão conhecido, ele fez alguns filmes indie desde então, e uma peça, isso e aquilo. Ele ficou desempregado por um tempo. Sua carreira não estava exatamente um tiro a caminho da lua.
Bem, isso mudou.
Oh, sim. Antes de eu o escalar, ele estava bem desesperado. Eu não pensei que tivesse encontrado o Edward perfeito. É um pedido exigente: Ele tinha que ser o cara mais bonito do mundo, e ter a pele pálida, e tinha que se passar por um estudante de ensino médio, tinha que ser um excelente ator, ele tinha que sentir os pensamentos. Muitos garotos que foram na audição eram muito fofos, mas parecia que eles poderiam ser o rei o baile.
E a Kristen Stewart, que interpreta a Bella?
Eu a tinha visto em Into the Wild – E achei ela ótima. Tem um momento em que ela está sentada na cama e muito vulnerável. Você pode sentir o que ela está sentindo. Ela querendo se conectar e Emile Hirsch é ótimo: “Não, eu não posso fazer isso – Você é menor de idade.” Eu a amei a partir dessa cena, e pensei “Acabei de encontrar a garota”.
A carreira dela também teve uma enorme ajuda disso.
Ela é uma atriz incrível. Ela está fazendo pequenos papeis em filmes independentes, mas nem pensou que fosse lá que estava o seu coração, agora ela pode conseguir grandes papeis, porque ela tem o poder de uma estrela.
Esse filme teve um efeito similar em sua carreira? Aos Treze (A estréia de Hardwicke como diretora em 2003) foi grande até onde poderia ser mas não atingiu a escala que Crepúsculo tem.
Oh, não. Quero dizer (Aos Treze) apareceu em apenas cem cinemas, e não fez nada em comparação a Crepúsculo. No final de semana de estréia nós batemos Aos Treze por 65 milhões.
Qual é o impacto prático?
Neste momento, estou sentada no meu escritório com a minha assistente fazendo uma lista dos próximos scripts. Todos os dias tem muitas possibilidades: Você quer fazer um filme na África do Sul? Você quer fazer uma ação feminina, tipo A Identidade Bourne? Está interessada em uma refilmagem de Grease? Uma refilmagem de West Side of Story? Outro filme de terror?
Algum desses te interessa?
Muitos não. Mas eu tentarei ler o script para ver porque a verdade é que quando eu peguei o script de Crepúsculo, não estava nem perto do que filmamos. Era outro script desenvolvido pela Paramount antes do livro ser lançado. Alguém leu o resumo e disse “Isso daria um bom filme”. Isso levou a extremas modificações. Tinha um agente do FBI envolvido, garotas em Jet Skis no final, como em As Panteras, e Bella era uma estrela – não somente uma garota desastrada. Então eu li aquele script, e li o livro, e fui para uma reunião no estúdio e disse, “Sabe de uma coisa? Esse script devia ser jogado no lixo. Nós temos que começar novamente e fazê-lo como no livro. Porque é lá que a sua essência está. É por isso que todas essas pessoas estão conectadas a ele.” E isso é o que fizemos.
Foi esse o mesmo caso com seus outros filmes – você começou com uma coisa totalmente diferente do que terminou?
Bom Aos Treze foi algo que eu escrevi de rabisco com Nikki Reed (atriz de Aos Treze), e veio de não outro material senão vida real. O rasculho que fizemos em seis dias, foi muito próximo do que você pode ver no filme. Tivemos a mesma primeira cena e a mesma última – muito similar. Mas ficou mais rico e profundo depois que começamos a trabalhar com Holly Hunter (atriz principal). Quando a conheci, ela teve idéias e eu escrevi cenas novas para elas, o que deu muito certo.
Trata-se de sua experiência que cada diretor trabalha dessa maneira?
Não. Alguns diretores não escrevem – nem ao menos tentam. Eu tenho muita iniciativa, porque eu literalmente escrevo muitas falas e cenas completas. Em Crepúsculo nós tivemos um escritor de cenas com quem o estúdio já tinha trabalhado antes, mas eu ia lá e procurava pelos locais e encontrava todas essas coisas malucas que eu queria colocar. Eu não sei se você irá se lembrar quando eles saem e voam pelas árvores. Não tinha nada remotamente parecido com aquilo no livro, mas foi criado para a visualização do sentimento de estar apaixonado – loucamente apaixonado. Eu disse para a escritora de cenas que queria fazer isso e ela colou no script, então eu elaborei e fiz o quadro da história.
Trabalho completo.
Você ouviu dizer que Little, Brown me contratou para escrever um livro sobre os bastidores de Crepúsculo? Eu gostaria de colocar as anotações do diretor também porque tinha todas as partes da estória e meus sketches. Você verá como foi tudo: lista de gravação, ângulos da câmera, tudo isso. E tem uma coisa legal quando você faz um filme. Existem muitas garotas animadas quando elas vêem que uma mulher dirigiu este filme, e elas se aproximam e dizem “Eu quero ser uma diretora”! Elas estão revigoradas.
Você já dirigiu um total de quatro filmes, mas antes você teve uma longa carreira na indústria de filmes como designer de produção. Como você fez essa transição?
Eu era uma arquiteta. Eu estudei arquitetura (na Universidade do Texas em Austin), mas depois que me formei, meus professores me disseram, “Você é muito criativa para a arquitetura – Eles vão tentar te controlar.” Eu já tinha conseguido um emprego como arquiteta em McAllen, mas eu me inscrevi na UCLA escola de filmes. O que eu não sabia era que quando você vai para a escola de filmes UCLA, você é o diretor, o produtor e quem toma conta das finanças dos seus próprios filmes. Você é quem escreve seus próprios scripts e você faz os sanduíches. Então eu disse, “Se é isso que eu tenho que fazer, é o que eu vou fazer. Começarei a fazer filme.” E quando você pega o gosto, você continua “Oh, eu amo fazer isso”.
Por que designer de produção?
Eu não tinha dinheiro. As pessoas diziam “Hey, você é uma arquiteta. Por que você não é a designer de produção do meu filme?” Então eu percebi que poderia sobreviver com aquilo. E foi muito divertido.
Você parece já ter trabalhado em todos os tipos de filme.
Eu comecei em um filme de Roger Corman. Este provavelmente nem aparece em meu radar. Devem tê-lo passado em drive-ins de Camboja.
Então você foi de Roger Corman para Cameron Crowe. Vanilla Sky foi um dos seus últimos filmes como uma designer de produção.
Eu literalmente comecei do inicio, que é um lugar de respeito. Roger Corman deu a muitos criadores de filme o seu começo, porque ele queria dar chances a todos. Eu construí coisas malucas e fiz todo esse material, aprendi tudo: Acrobacias e segunda unidade ( trabalho de câmera) e adereços e armas. Você tenta conseguir o próximo emprego para ser um pouco melhor, e um muito mais honesto, e quando você tem absolutamente nenhuma conexão, você tem que traçar seu próprio caminho, foi o que eu fiz.
E a próxima coisa que você sabe...
Eu adorei ter trabalhado com Cameron e Costa-Gavreas e Richard Linklater. Quando trabalhei com Rick – Eu fiz dois filmes com ele (The Newton Boys e Suburbia) – Ele e eu nos tornamos muito amigos. Eu achei que ele me ajudaria. Eu disse “Rick, eu escrevi este script, estava pensando se você não poderia ser o produtor executivo dele”. E, sabe, ele recebe coisas assim nove milhões de vezes por semana, então ele me disse, “Hey cara, se você quer dirigir, você só tem que dirigir”. Eu fiquei como, “Wow, isso é muito difícil!”
O que ele quis dizer com isso?
Não fale sobre isso, sabe? Faça. Se você quer dirigir um filme, você irá trabalhar duro – sangue, suor e lágrimas. Se você não deseja fazer isso, você não merece.
É fácil para alguém que dirigiu muitos filmes dizer, “Se você quiser dirigir, dirija.” A realidade é, você pode ter uma boa carreira de designer de produção, mas você ainda tem que ter alguém apara confiar em você em um filme como diretor.
O que ele me disse estava certo, eu tinha que trabalhar muito para perceber o que ele fez. Seu primeiro filme (Slacker) foi feito por 23 mil dólares. Outro de meus amigos mais próximos, David O. Russel, fez seu primeiro filme (Spanking the Monkey) com também muito pouco. O que Rick disse foi, se você quer fazer isso, perceba o baixo orçamento e faça a maldita coisa acontecer você mesmo. E isso foi a melhor coisa que eu poderia ter ouvido, porque os dois filmes que eu tentei fazer custaram 9 milhões e 5 milhões. Continuei escrevendo para um orçamento menor e menor, e então eu pensei “Não, tenho que escrever algo que não irá custar nada – algo que eu possa gravar em minha casa, em meu carro, com minhas roupas e com minha própria câmera”. Foi basicamente como Aos Treze foi.
Quanto custou para se fazer Aos Treze?
Eu planejei fazer com meu próprio dinheiro se eu não conseguisse outra maneira, mas eu finalmente conseguir financiar por menos de $2 milhões.
Um ótimo filme por $2 milhões.
Eu tive que morrer para aquele filme ser feito. Eu tive que fazer um financiamento para o filme ser feito e mesmo com isso acontecendo foi difícil. Eu acho que isso mostra.
Fale sobre ter crescido em McAllen.
Meu pai era um pianista clássico e treinado como um engenheiro químico, mas seu pai era um fazendeiro. Seu pai o disse que ele teria que tomar conta do negócio da família e ele o fez, com seu irmão e pai. A terra era muito barata em McAllen, ao redor da irrigação o Rio Grande, então toda a família se mudou. Foi assim que chegamos lá.
A vida na fazenda é difícil.
Se você é um fazendeiro, mesmo se faz tudo direito, os insetos podem ser maus ou pode se ter cebolas ao redor de todo o mundo deixando o preço bem baixo, ou o tempo pode estar ruim. Então, minha mãe conseguiu um diploma como professora. Tinham três crianças: Eu, meu irmão e irmã. McAllen era complicada em algumas coisas mas bem divertida também. Tínhamos balanço de corda e casas na árvore. Queríamos ter as câmeras de ar dos pneus do trator para poder enchê-las e colocá-las para correio rio abaixo, entrar em lutas na lama e bagunçar com as cobras. Eu nadei através do rio por duzentas vezes. Foi o Huck Finn da minha infância.
McAllen naquele tempo deve ser bem diferente do que é hoje – muito aberta e livre como uma cidade da fronteira, com menos tensão.
Não, era tenso. Tinha muitos problemas raciais. Todos eram amigos, mas ainda tinham as brigas na escola. Nosso diretor foi apunhalado três vezes no meu último ano no pátio da escola. Eu tive três amigos que foram apunhalados. Eu conhecia as pessoas que estavam atirando pelas costas. Tinha muito contrabando de drogas e brutalidade da policia. Contrabando de eletrônicos era muito comum em McAllen. Eles pilotavam aviões, DC – 3’s, cheios de eletrônicos, pousavam em pistas apagadas e sujas com um cara com uma lanterna os guiando. Era bem selvagem.
Um mundo diferente.
Você pode crescer nisso e perder tudo aquilo e só ir para a igreja e escoteiros. Mas, claro, eu tentei entrar em cada coisa maluca que acontecia.
Você ia muito ao cinema quando era criança?
Não. Nós tínhamos um cinema somente, e ele estavam apresentando na maioria das vezes Clint Eastwood ou filmes em espanhol. Eu não ia muitas vezes. Vamos ser honestos: era uma terra perdida culturalmente. Naquele tempo, você não podia ir a um museu insignificante a não ser que você dirigisse 3 horas até Corpus Christi ou 4 até San Antonio.
Você sente falta disso?
Sim. Eu voltei lá algumas vezes, Eu tenho penso sobre como nós íamos ao México e tínhamos todos esses tipos de problema, porque se você tinha doze ou treze, você podia ir a bares. Você poderia ir a seu baile e depois para lá. Sempre eles tentavam forçar você a conseguir uma identidade para entrar no clube. Tudo o que eu tinha era a minha carteirinha de escoteira do sétimo ano. Eu dizia para o cara da porta, “Você tem que ter dezoito para ter uma dessas”, e ele dizia, “Entre!” Foi uma infância maravilhosa. Eu estou morta de vontade de fazer um filme sobre isso.

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Na primeira vez tinham sido lançados apenas os dois primeiros livros da série – tinha essa base de fãs apaixonados, bem menor do que temos agora. Stephenie Meyer (autora dos livros) é uma louca e rápida autora, que lançou mais dois livros nos últimos dois anos. Os livros deixaram as pessoas animadas com o filme, o filme deixou as pessoas animadas com os livros, e isso foi crescendo e crescendo, até esse frenesi. Então eu acho que isso foi uma convergência mágica.
É impressionante como não somente as crianças mas também os adultos aderiram a isso. É realmente um corte através da demografia.
Quando Stephenie escreveu o primeiro livro, ela não esperava que ele fosse colocado na sessão de “Jovens Adultos”. Alguém decidiu que era aonde tinha que ser colocado. Ela e eu brincamos que sim, você conseguiu Romeo e Julieta, os dois jovens apaixonados, mas isso não significa que todos irão gostar da peça. Começou com os adolescentes, mas ai se espalhou – você sabe, temos as mães Twilight e as avós Twilight. Conhecemos muitas pessoas mais velhas do que adolescentes que amaram o livro e confessaram ter visto o filme por três, quatro vezes. E conhecemos garotos que também viram. Alguns deles o fizeram escondido, não queriam contar aos amigos.
Como assim?
Eles não sabiam muito sobre o livro. Eles amaram o trailer – é sobre vampiro – e estavam prontos para verem o filme. Mas ele começaram a pensar, “Oh, é baseado no livro que as menininhas gostam tanto”. Então ficaram um pouco sem graça: “Espere, eu tenho que gostar disso?”
As garotas não precisaram ser convencidas.
Nós andamos por shoppings uma semana antes do filme ser lançado. Quando fomos em Dallas, tinham milhares de garotas gritando como era na época da Beatlemania e dizendo “Eu quero ter o seu bebê” para o Rob (Pattinson, o ator principal) e tudo mais.
Ele era reconhecido previamente pelos filmes de Harry Potter?
Ele fez dois – No primeiro (Harry Potter e o Cálice de Fogo), seu personagem morre. Ele não ficou tão conhecido, ele fez alguns filmes indie desde então, e uma peça, isso e aquilo. Ele ficou desempregado por um tempo. Sua carreira não estava exatamente um tiro a caminho da lua.
Bem, isso mudou.
Oh, sim. Antes de eu o escalar, ele estava bem desesperado. Eu não pensei que tivesse encontrado o Edward perfeito. É um pedido exigente: Ele tinha que ser o cara mais bonito do mundo, e ter a pele pálida, e tinha que se passar por um estudante de ensino médio, tinha que ser um excelente ator, ele tinha que sentir os pensamentos. Muitos garotos que foram na audição eram muito fofos, mas parecia que eles poderiam ser o rei o baile.
E a Kristen Stewart, que interpreta a Bella?
Eu a tinha visto em Into the Wild – E achei ela ótima. Tem um momento em que ela está sentada na cama e muito vulnerável. Você pode sentir o que ela está sentindo. Ela querendo se conectar e Emile Hirsch é ótimo: “Não, eu não posso fazer isso – Você é menor de idade.” Eu a amei a partir dessa cena, e pensei “Acabei de encontrar a garota”.
A carreira dela também teve uma enorme ajuda disso.
Ela é uma atriz incrível. Ela está fazendo pequenos papeis em filmes independentes, mas nem pensou que fosse lá que estava o seu coração, agora ela pode conseguir grandes papeis, porque ela tem o poder de uma estrela.
Esse filme teve um efeito similar em sua carreira? Aos Treze (A estréia de Hardwicke como diretora em 2003) foi grande até onde poderia ser mas não atingiu a escala que Crepúsculo tem.
Oh, não. Quero dizer (Aos Treze) apareceu em apenas cem cinemas, e não fez nada em comparação a Crepúsculo. No final de semana de estréia nós batemos Aos Treze por 65 milhões.
Qual é o impacto prático?
Neste momento, estou sentada no meu escritório com a minha assistente fazendo uma lista dos próximos scripts. Todos os dias tem muitas possibilidades: Você quer fazer um filme na África do Sul? Você quer fazer uma ação feminina, tipo A Identidade Bourne? Está interessada em uma refilmagem de Grease? Uma refilmagem de West Side of Story? Outro filme de terror?
Algum desses te interessa?
Muitos não. Mas eu tentarei ler o script para ver porque a verdade é que quando eu peguei o script de Crepúsculo, não estava nem perto do que filmamos. Era outro script desenvolvido pela Paramount antes do livro ser lançado. Alguém leu o resumo e disse “Isso daria um bom filme”. Isso levou a extremas modificações. Tinha um agente do FBI envolvido, garotas em Jet Skis no final, como em As Panteras, e Bella era uma estrela – não somente uma garota desastrada. Então eu li aquele script, e li o livro, e fui para uma reunião no estúdio e disse, “Sabe de uma coisa? Esse script devia ser jogado no lixo. Nós temos que começar novamente e fazê-lo como no livro. Porque é lá que a sua essência está. É por isso que todas essas pessoas estão conectadas a ele.” E isso é o que fizemos.
Foi esse o mesmo caso com seus outros filmes – você começou com uma coisa totalmente diferente do que terminou?
Bom Aos Treze foi algo que eu escrevi de rabisco com Nikki Reed (atriz de Aos Treze), e veio de não outro material senão vida real. O rasculho que fizemos em seis dias, foi muito próximo do que você pode ver no filme. Tivemos a mesma primeira cena e a mesma última – muito similar. Mas ficou mais rico e profundo depois que começamos a trabalhar com Holly Hunter (atriz principal). Quando a conheci, ela teve idéias e eu escrevi cenas novas para elas, o que deu muito certo.
Trata-se de sua experiência que cada diretor trabalha dessa maneira?
Não. Alguns diretores não escrevem – nem ao menos tentam. Eu tenho muita iniciativa, porque eu literalmente escrevo muitas falas e cenas completas. Em Crepúsculo nós tivemos um escritor de cenas com quem o estúdio já tinha trabalhado antes, mas eu ia lá e procurava pelos locais e encontrava todas essas coisas malucas que eu queria colocar. Eu não sei se você irá se lembrar quando eles saem e voam pelas árvores. Não tinha nada remotamente parecido com aquilo no livro, mas foi criado para a visualização do sentimento de estar apaixonado – loucamente apaixonado. Eu disse para a escritora de cenas que queria fazer isso e ela colou no script, então eu elaborei e fiz o quadro da história.
Trabalho completo.
Você ouviu dizer que Little, Brown me contratou para escrever um livro sobre os bastidores de Crepúsculo? Eu gostaria de colocar as anotações do diretor também porque tinha todas as partes da estória e meus sketches. Você verá como foi tudo: lista de gravação, ângulos da câmera, tudo isso. E tem uma coisa legal quando você faz um filme. Existem muitas garotas animadas quando elas vêem que uma mulher dirigiu este filme, e elas se aproximam e dizem “Eu quero ser uma diretora”! Elas estão revigoradas.
Você já dirigiu um total de quatro filmes, mas antes você teve uma longa carreira na indústria de filmes como designer de produção. Como você fez essa transição?
Eu era uma arquiteta. Eu estudei arquitetura (na Universidade do Texas em Austin), mas depois que me formei, meus professores me disseram, “Você é muito criativa para a arquitetura – Eles vão tentar te controlar.” Eu já tinha conseguido um emprego como arquiteta em McAllen, mas eu me inscrevi na UCLA escola de filmes. O que eu não sabia era que quando você vai para a escola de filmes UCLA, você é o diretor, o produtor e quem toma conta das finanças dos seus próprios filmes. Você é quem escreve seus próprios scripts e você faz os sanduíches. Então eu disse, “Se é isso que eu tenho que fazer, é o que eu vou fazer. Começarei a fazer filme.” E quando você pega o gosto, você continua “Oh, eu amo fazer isso”.
Por que designer de produção?
Eu não tinha dinheiro. As pessoas diziam “Hey, você é uma arquiteta. Por que você não é a designer de produção do meu filme?” Então eu percebi que poderia sobreviver com aquilo. E foi muito divertido.
Você parece já ter trabalhado em todos os tipos de filme.
Eu comecei em um filme de Roger Corman. Este provavelmente nem aparece em meu radar. Devem tê-lo passado em drive-ins de Camboja.
Então você foi de Roger Corman para Cameron Crowe. Vanilla Sky foi um dos seus últimos filmes como uma designer de produção.
Eu literalmente comecei do inicio, que é um lugar de respeito. Roger Corman deu a muitos criadores de filme o seu começo, porque ele queria dar chances a todos. Eu construí coisas malucas e fiz todo esse material, aprendi tudo: Acrobacias e segunda unidade ( trabalho de câmera) e adereços e armas. Você tenta conseguir o próximo emprego para ser um pouco melhor, e um muito mais honesto, e quando você tem absolutamente nenhuma conexão, você tem que traçar seu próprio caminho, foi o que eu fiz.
E a próxima coisa que você sabe...
Eu adorei ter trabalhado com Cameron e Costa-Gavreas e Richard Linklater. Quando trabalhei com Rick – Eu fiz dois filmes com ele (The Newton Boys e Suburbia) – Ele e eu nos tornamos muito amigos. Eu achei que ele me ajudaria. Eu disse “Rick, eu escrevi este script, estava pensando se você não poderia ser o produtor executivo dele”. E, sabe, ele recebe coisas assim nove milhões de vezes por semana, então ele me disse, “Hey cara, se você quer dirigir, você só tem que dirigir”. Eu fiquei como, “Wow, isso é muito difícil!”
O que ele quis dizer com isso?
Não fale sobre isso, sabe? Faça. Se você quer dirigir um filme, você irá trabalhar duro – sangue, suor e lágrimas. Se você não deseja fazer isso, você não merece.
É fácil para alguém que dirigiu muitos filmes dizer, “Se você quiser dirigir, dirija.” A realidade é, você pode ter uma boa carreira de designer de produção, mas você ainda tem que ter alguém apara confiar em você em um filme como diretor.
O que ele me disse estava certo, eu tinha que trabalhar muito para perceber o que ele fez. Seu primeiro filme (Slacker) foi feito por 23 mil dólares. Outro de meus amigos mais próximos, David O. Russel, fez seu primeiro filme (Spanking the Monkey) com também muito pouco. O que Rick disse foi, se você quer fazer isso, perceba o baixo orçamento e faça a maldita coisa acontecer você mesmo. E isso foi a melhor coisa que eu poderia ter ouvido, porque os dois filmes que eu tentei fazer custaram 9 milhões e 5 milhões. Continuei escrevendo para um orçamento menor e menor, e então eu pensei “Não, tenho que escrever algo que não irá custar nada – algo que eu possa gravar em minha casa, em meu carro, com minhas roupas e com minha própria câmera”. Foi basicamente como Aos Treze foi.
Quanto custou para se fazer Aos Treze?
Eu planejei fazer com meu próprio dinheiro se eu não conseguisse outra maneira, mas eu finalmente conseguir financiar por menos de $2 milhões.
Um ótimo filme por $2 milhões.
Eu tive que morrer para aquele filme ser feito. Eu tive que fazer um financiamento para o filme ser feito e mesmo com isso acontecendo foi difícil. Eu acho que isso mostra.
Fale sobre ter crescido em McAllen.
Meu pai era um pianista clássico e treinado como um engenheiro químico, mas seu pai era um fazendeiro. Seu pai o disse que ele teria que tomar conta do negócio da família e ele o fez, com seu irmão e pai. A terra era muito barata em McAllen, ao redor da irrigação o Rio Grande, então toda a família se mudou. Foi assim que chegamos lá.
A vida na fazenda é difícil.
Se você é um fazendeiro, mesmo se faz tudo direito, os insetos podem ser maus ou pode se ter cebolas ao redor de todo o mundo deixando o preço bem baixo, ou o tempo pode estar ruim. Então, minha mãe conseguiu um diploma como professora. Tinham três crianças: Eu, meu irmão e irmã. McAllen era complicada em algumas coisas mas bem divertida também. Tínhamos balanço de corda e casas na árvore. Queríamos ter as câmeras de ar dos pneus do trator para poder enchê-las e colocá-las para correio rio abaixo, entrar em lutas na lama e bagunçar com as cobras. Eu nadei através do rio por duzentas vezes. Foi o Huck Finn da minha infância.
McAllen naquele tempo deve ser bem diferente do que é hoje – muito aberta e livre como uma cidade da fronteira, com menos tensão.
Não, era tenso. Tinha muitos problemas raciais. Todos eram amigos, mas ainda tinham as brigas na escola. Nosso diretor foi apunhalado três vezes no meu último ano no pátio da escola. Eu tive três amigos que foram apunhalados. Eu conhecia as pessoas que estavam atirando pelas costas. Tinha muito contrabando de drogas e brutalidade da policia. Contrabando de eletrônicos era muito comum em McAllen. Eles pilotavam aviões, DC – 3’s, cheios de eletrônicos, pousavam em pistas apagadas e sujas com um cara com uma lanterna os guiando. Era bem selvagem.
Um mundo diferente.
Você pode crescer nisso e perder tudo aquilo e só ir para a igreja e escoteiros. Mas, claro, eu tentei entrar em cada coisa maluca que acontecia.
Você ia muito ao cinema quando era criança?
Não. Nós tínhamos um cinema somente, e ele estavam apresentando na maioria das vezes Clint Eastwood ou filmes em espanhol. Eu não ia muitas vezes. Vamos ser honestos: era uma terra perdida culturalmente. Naquele tempo, você não podia ir a um museu insignificante a não ser que você dirigisse 3 horas até Corpus Christi ou 4 até San Antonio.
Você sente falta disso?
Sim. Eu voltei lá algumas vezes, Eu tenho penso sobre como nós íamos ao México e tínhamos todos esses tipos de problema, porque se você tinha doze ou treze, você podia ir a bares. Você poderia ir a seu baile e depois para lá. Sempre eles tentavam forçar você a conseguir uma identidade para entrar no clube. Tudo o que eu tinha era a minha carteirinha de escoteira do sétimo ano. Eu dizia para o cara da porta, “Você tem que ter dezoito para ter uma dessas”, e ele dizia, “Entre!” Foi uma infância maravilhosa. Eu estou morta de vontade de fazer um filme sobre isso.

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